sábado, 15 de maio de 2010


Insuficiência da válvula mitral


A insuficiência da válvula mitral (incompetência mitral) é o fluxo retrógrado de sangue pela válvula mitral, que não fecha bem de cada vez que o ventrículo esquerdo se contrai.

Quando o ventrículo esquerdo bombeia o sangue do coração para dentro da aorta, retrocede um pouco de sangue para a aurícula esquerda, aumentando assim o volume e a pressão nesta cavidade. Esta situação faz com que aumente a pressão nos vasos que levam sangue dos pulmões para o coração e, em consequência, acumula-se líquido (congestão) nos pulmões.

Há anos, a febre reumática costumava ser a causa mais frequente da insuficiência mitral. Mas, actualmente, a febre reumática é rara nos países onde se desenvolveu uma boa medicina preventiva. Assim, por exemplo, nesses países, o uso de antibióticos para tratar as infecções estreptocócicas da garganta evita o aparecimento desta doença, pelo que, actualmente, a febre reumática só é causa frequente de insuficiência mitral entre os idosos que não puderam beneficiar dos antibióticos adequados durante a sua juventude. No entanto, nos países que não dispõem de uma medicina preventiva suficientemente desenvolvida, a febre reumática é ainda frequente e, portanto, causa habitual da insuficiência mitral.

Em muitos países desenvolvidos, por exemplo, uma das causas mais frequentes de insuficiência mitral é o enfarte do miocárdio, que pode provocar lesões graves nas estruturas de suporte da válvula. Outra causa frequente é a degenerescência mixomatosa, uma afecção em que a válvula se vai debilitando progressivamente até se tornar demasiado flácida.

Sintomas

A insuficiência mitral moderada pode ser assintomática. A perturbação só pode identificar-se se o médico, auscultando com um fonendoscópio, ouvir um sopro cardíaco característico causado pelo retrocesso do sangue para o interior da aurícula esquerda quando o ventrículo esquerdo se contrai.

Devido a que o ventrículo esquerdo tem de bombear mais sangue para compensar o fluxo retrógrado para a aurícula esquerda, ele dilata-se gradualmente para aumentar a força de cada batimento cardíaco. O ventrículo dilatado pode provocar palpitações (a percepção dos próprios batimentos cardíacos enérgicos), sobretudo quando a pessoa está deitada sobre o lado esquerdo.

A aurícula esquerda tende também a dilatar-se para alojar o fluxo retrogrado procedente do ventrículo. Uma aurícula muito dilatada bate muitas vezes de um modo desorganizado e irregular (fibrilhação auricular) , o que reduz a sua eficácia de bombeamento. Na realidade, uma aurícula em fibrilhação não consegue bombear, somente estremece, e a falta de fluxo de sangue apropriado provoca a formação de coágulos sanguíneos. Se um coágulo se desprender, pode obstruir uma artéria mais pequena e provocar um icto ou outras lesões.

A insuficiência mitral grave reduz o fluxo sanguíneo para a aorta, de tal modo que provoca insuficiência cardíaca e, como consequência, tosse, dispneia do esforço e edema das pernas.

Diagnóstico

A insuficiência mitral identifica-se habitualmente pela presença de um sopro característico (um som que se ausculta com um fonendoscópio quando o ventrículo esquerdo se contrai).

Um electrocardiograma (ECG) e uma radiografia do tórax mostram a dilatação do ventrículo esquerdo. O exame que dá mais informação é o ecocardiograma, uma técnica de obtenção de imagens através de ultra-sons que permite visualizar a válvula defeituosa e determinar a gravidade do problema.

Tratamento

Quando a insuficiência é grave, a válvula necessita de ser rapidamente reparada ou substituída antes que a perturbação do ventrículo esquerdo já não possa ser corrigida. Pode ser efectuada uma intervenção cirúrgica para reparar a válvula (valvuloplastia) ou para a substituir por uma mecânica ou por uma feita parcialmente com uma válvula de origem porcina. A reparação da válvula elimina a regurgitação ou redu-la suficientemente para que os sintomas se tornem toleráveis e para impedir lesões cardíacas. Cada método de substituição valvular tem as suas vantagens e as suas desvantagens. Apesar de as válvulas mecânicas serem geralmente eficazes, aumentam o risco de coágulos sanguíneos, pelo que se administram fármacos anticoagulantes indefinidamente para diminuir este risco. As válvulas feitas parcialmente com válvulas de porco funcionam bem e não têm o risco de provocar coágulos sanguíneos, mas por outro lado a sua duração é menor. Quando uma válvula substituta está defeituosa, deve substituir-se imediatamente.

A fibrilhação auricular pode também requerer tratamento. Fármacos como os betabloqueadores, a digoxina e o verapamil retardam a frequência cardíaca e ajudam a controlar a fibrilhação.

As superfícies das válvulas cardíacas lesionadas são propensas a sofrer infecções graves (endocardite infecciosa).Qualquer pessoa com uma válvula artificial ou danificada deveria tomar antibióticos antes de uma intervenção odontológica ou cirúrgica para prevenir a infecção.


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